quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Apologia à Selva

Os dias são parecidos demais. São os mesmos carros, as mesmas ruas, as mesmas filas, o mesmo caos urbano típico dessa cidade grande. É o mesmo desperdício de tempo ignorando o rádio enquanto se fita a placa logo adiante com a mente mais vazia que uma folha em branco. Oceano cinza, brisa fosca.

E então adentro o perdido, o esquecido, e o concreto finalmente encontrando o verde. Em meio à natureza tal qual como era a intenção divina. No entanto, estranhamente sinto-me fora do meu habitat: a companhia de árvores e outras plantas mil não comunica qualquer coisa senão uma imensa vontade de abandonar aquele nada e voltar para a infame selva de pedra. É como se eu estivesse longe do meu lar.

Esqueça aquela rede em frente a uma praia, com calmaria estampada no rosto. Meu elemento é artificial; dá-me um elixir de urbanidade. O caos é o combustível do sentimento e do pensamento. A poluição, o trânsito, os arranha-céus não constituem um desperdício de vida: são em verdade o que constrói a alma.