segunda-feira, 15 de outubro de 2007

O limite da realidade


O limite de um sonho é inexistente: o problema é o que limita a sua concretização.
Sonhar é uma atividade independente de qualquer fator externo; a mente pode viajar por galáxias mil e o coração desejar o infinito. Delusionar é bom, é libertador, é o que deixa a vida algo suportável em meio a tantas duras verdades.
E é exatamente esse o problema: a realidade, o fator limitante desses devaneios. Ela vem e traz chão ao que pertence às estrelas, ela lhe diz que a namorada do garoto dos seus sonhos não vai a lugar algum. Os fatos são a barreira externa daquilo que é sem fim dentro de cada um.
Todos podemos sonhar com qualquer coisa olhando para um céu de lua cheia, mas o dia vem logo depois nos lembrando de que tudo não passa de pensamentos.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Fugindo da vida


Pegar umas duas trocas de roupa e enfiar numa mochila, além de um MP3 player e uma escova de dentes, e sair, simplesmente sair e deixar tudo para trás. Ir a algum lugar em que ninguém saiba dos seus erros ou seus atos passados; uma nova cidade para uma nova vida, longe dos problemas que causaram essa fuga.

Bela utopia, e se ao menos funcionasse! Logo mais, todos aqueles problemas surgirão novamente, apenas sob nomes diferentes.

Mudar de escola, de cidade e de amigos tampouco adianta; mais cedo ou mais tarde o que tinha sabor de liberdade e novo passa a ser apenas um outro costume.

E é aí que se aprende que frente a cada nova adversidade, o melhor a fazer é enfrentá-la. Não há como fugir da vida. Esses contratempos estão em todo lugar.

Mas, claro, não custa nada sonhar que tudo pode ser resolvido assim...

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Romantismo enrustido


A garota que não for romântica que atire a primeira pedra!
Ainda estou pra conhecer alguém do sexo frágil que não se fragilize com os encantos da paixão, por mais que tente esconder.
Eu conheço bem a história: durona por fora, sonhos mil por dentro. É aquele velho clichê do "eu não preciso de ninguém", quando tudo que se mais quer é precisar de alguém; é querer sempre estar no controle, mas morrer por alguém que controle tudo.
Paradoxal como só um romance pode se mostrar. Ou como só nós, garotas, conseguimos ser.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Era uma vez Joana


Joana estava na flor da idade e tinha lábios pelos quais tantos tinham passado a suspirar. Seus olhos possuíam uma vivacidade que facilmente entregavam sua sagacidade. O calor de seu corpo emanava discretamente, mas mãos alheias ardiam por um reles toque, sem que sua ingenuidade permitisse saber.

Era bela, porém não segura. Apesar de vez ou outra impetulante, defendendo seus ideais com afinco admirável em possíveis discussões, além de transmitir ares de consciência de sua formosura, em seu íntimo, nutria cada vez mais um sentimento de inferioridade, de alguém cujos olhos nunca viriam a ser fitados com ternura, pois nada de interessante haveria de encontrar-se lá.

Cada anoitecer em que se achava sozinha só tornava-se mais uma confirmação de que estava fadada a permanecer nesse estado. Perdida em seus pensamentos delusionais, empreendia seu tempo a devanear em meio a seus livros de romances fictícios, que pareciam deveras mais interessantes e reais do que sua vida poderia vir a ser algum dia.

Joana havia perdido a fé e o senso de realidade, que todos devem ter, por causa de alguns dias mais nublados. Mais cedo ou mais tarde, o bem calharia à sua porta, porque é assim que tem de ser. Joana esquecera-se de que a arte imita a vida; os finais felizes existem. Dias melhores estão sempre por vir.

Joana era ela, Joana era eu, Joana eras tu. Oh, infelizes tempestades em que nos encontramos, as quais fazem-nos perder as esperanças.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Desajustada com o mundo


O vento batendo no rosto, o sol irradiando beleza no céu azul... Tudo para constratar com o cabelo que não se ajeita, as roupas folgadas que parecem apertadas quando você está se sentindo tão acima do peso, e os olhos ardendo febrilmente.
E como Murphy sustenta uma infalível teoria, bem nesse dia que era melhor não ter levantado (especialmente quando suas olheiras profundas estão destacadas ao extremo, em meio ao seu cansaço), aparece aquele cara que você está profundamente apaixonada...

(Sério, quais são as chances? Por que ele não me foi aparecer naquele dia que eu estava linda de morrer? Oh céus...)

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Interiormente

Este sentimento de incomplitude
Que contraria a minha razão:
É como estar beirando um açude
E vir a perecer de sequidão,
É estar em profunda solitude
Permeando uma vasta multidão,
Algo que um reles poetizar
Não passa de um novo enganar.

Se cambiasse teria virtude,
Mas encarcera alma e coração;
Até tentei expurgá-la como pude
Mas a esta ânsia não dou vazão.
E como brilho de vil amplitude,
Ressemblo iludida luz em vão:
Tais versos soarão sem o cantar
Pois não se faz a voz alta ecoar.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

EXquecido


Voltar com ex? Só se existir algum sentimento ainda, um assunto inacabado. Mesmo porque, se qualquer volta fosse propícia de fato, não existiriam tantas palavras com essas duas letrinhas logo no começo que expressam semanticamente o meu ver sobre boa parte do meu passado amoroso: extinto, expurgar, exterminado, expungir, exsucação, expulsão, dentre outras tantas.
É só que nem merecedores de mais citações esses ex são!

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Brilho duma mente sem seu brilho


Se eu pudesse apagar qualquer coisa da minha memória, teria de ser o dia em que avistei seu rosto pela primeira vez, porque há dois anos exatos que venho tentando esquecê-lo, sem obter qualquer sucesso. Sem dúvidas que seria o seu sorriso tão doce que eu excluiria.
É que simplesmente dói demais ter que ver o seu olhar com meus olhos fechados sem ter o seu toque.
deuxviesdosvidastwolivesduasvidas


E estava eu ponderando sobre a vida, sobre o que quero, quando novamente me deparo com duas vertentes. Infelizmente, essa é a tônica do meu viver, a irresolução devida a essas duas vidas paralelas que eu levo.

Existe a garota do quero ficar e a garota do quero ir, a do te amo e a do te odeio, aquela da primavera e a outra do outono, que se colidem, gerando toda essa confusão e indecisão que eu vivo.

Essa sou eu: duas garotas distintas aprisionadas em uma só. A conciliação é quase impossível, e só Deus sabe quem vence cada batalha, mas é questão é o que acontecerá se a reprimida quiser se libertar do seu estado cativo...

sábado, 7 de julho de 2007

Querer


Se eu pudesse dizer o que eu quero dizer, eu lhe contaria o sonho que eu tive com você na quinta-feira, ou talvez confessaria que eu realmente tenho ciúmes, por mais que eu tente evitar isso. Se eu pudesse falar o que vem à minha mente, você descobriria que 15 dias é tempo demais, mesmo que o relógio seja tão fugaz.

Agora, se eu pudesse ver o que eu quero ver, você estaria na minha frente como se toda a sua atenção estivesse focada em mim, para mudar a rotina. Se eu pudesse vislumbrar qualquer coisa, isso teria de ser declarações verídicas e em tom confessional suas, sem qualquer hesitação.

Ah, mas se eu pudesse ouvir o que eu quero ouvir...eu te amo. E não seria simplesmente outra brincadeira, outro passatempo, outra bobagem. Só essas três palavras; todo o resto é supérfluo, nada mais é necessário.

Mas como querer não é poder, eu tenho que me contentar com a minha própria ausência, nossas possíveis decepções futuras e o fato de que só eu que vejo o céu diferente quando estamos tão distantes. Você é o que eu quero.