quinta-feira, 15 de março de 2007

Só Mais Uma (Tarde, Memória, Garota, Paixão)


Aquela garota sentava na sua cama e abria sua mente, como se fosse um livro. Ela se lembrava bem (e como!) quando tinha falado pela primeira vez com o garoto dos seus sonhos, parecia ontem. Ela tinha o semblante dele vívido ali, na sua frente, como se tudo se materializasse com a simples força do pensamento. Ali, revivendo suas experiências, como se numa tentativa desesperada de encontrar uma perspectiva para o futuro, ela analisava cada mínimo detalhe de toda aquela história que a atormentava havia muito.

Céu nublado, gotas de chuva no vidro, era um dia que só a deixava mais sensível, mas antes isso do que aquele tempo que todos amavam, o dia lindo, ensolarado: essa luz toda que emanava de uma fonte bem maior que ela só era um constante lembrete daquele sorriso incomparável dele. Não importava se tudo estava um perfeito inferno antes, apenas um olhar de relance, sem importância, já fazia seu mundo todo parecer melhor. Aquele sorriso, então...! Era seu pedacinho do céu na terra, era seu refúgio, era sua maior paixão há tempo demais.

Lá sentada, ela lembrava como ele tirava tantos suspiros dela que isso virou até motivo de piada. Perder a fala, a linha de pensamento e achar que seu coração tinha parado, porque batia tão rápido era rotina. Chorar mais que com todos os outros ao dizer adeus a vê-lo todos os dias foi algo totalmente esperado. Lá, sentada, sua mente, um livro aberto, ela se deu conta de que apenas uma noite não faria jus a tudo que ela sentia por ele e nunca viria a fazer, mas era o máximo que ela conseguiria, porque tentar ser perfeita nunca foi o bastante e parecia que nunca seria. Não importava o que os outros falavam, ele tão lindo e perfeito, distante e inalcançável, como a lua.

Não, não. Essa garota sou eu. Apenas uma sonhadora com idéias e sonhos frustrados, sem qualquer esperança de algum dia ser mais que um nome para ele. E todas essas horas gastas, pensando nele incessantemente, não passam de inutilidade, futilidade, ele não virá. Agora estava mais para ser um atestado de coragem, a minha desistência. Mas eu sou apenas uma garota, sentada, gotas de chuva, livro aberto, memórias, ele. Simplesmente dar às costas a um ano e meio não é tão simples assim.

E as palavras foram ditas, a sorte foi lançada. O que eu não pensei que fosse amor, está publicado. Se você quiser, é só abrir os olhos e me ter. Dessa vez pouco me importa qualquer resquício de orgulho: eu perdi tudo isso quando eu me dei conta de que você não vai me abandonar tão cedo. Abandonar minha mente, abandonar meu coração.

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