terça-feira, 20 de novembro de 2007

Presente de Natal


Não rogarei por alguma outra paixão minha para que me ame como nunca amou outro alguém - é o meu pedido de todos os anos e eu nunca o recebo, de qualquer forma. Tampouco suplicarei por algum amor verdadeiro, seja de alguém que já gosto ou de alguma outra pessoa que possa surgir em minha vida - as estrelas cadentes já estão fartas de tais palavras.
O que poderia pedir, talvez, seria felicidade e sucesso, mas essas são coisas que são alheias a desejos, dependem de mim.

Este Natal é diferente, eu já sou outra pessoa. Aprendi que pelas desilusões desses anos que amor não é algo que se pede, mas que se acontece, na hora e no lugar em que estiverem destinados a ser.
Neste 25 de dezembro apenas pedirei esperança - quero continuar acreditando que existe uma hora e um lugar para mim.
Jovem


Tu falas e pensas que és sábia, tu cantas e acreditas ser rouxinol, tu danças e achas que o mundo treme aos teus pés.

Mas, Jovem, o sol não nasce toda manhã para brilhar para ti, é para todos nós. As estrelas estão no céu e todos nós podemos vislumbrá-las, não só os teus minúculos olhos. Somos todos capazes de alcançar patamares inimagináveis em dado momento e esquece-te de que estar sob tímidos holofotes noite e outra não faz de ti divindade.

Tudo é passageiro e furtivo: teu sorriso, tua beleza, tua vida. Somos insignificantes perante planetas e galáxias, e é de uma audácia imensurável pensar que todos derramariam-se em lágrimas por vontades patéticas tuas. Surpreender-te-á como tal tua vaidade tirará de teus braços aqueles poucos dois ou três que ainda suportam tua arrogância.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Estado minimalista


Garota põe sua melhor roupa, passa seu melhor perfume, combina com todos os seus melhores acessórios e sai para passear. Vai de transporte público e logo depois caminha pela avenida mais movimentada de sua cidade sozinha, rumo ao encontro com seus amigos. Cara de rica e não segura.

Só que ela esquece-se de que é presa fácil. Quando ela menos esperar, poderá dizer adeus àquele celular cujos pais suaram tanto para que pudessem dar de presente no seu aniversário e terá de esquecer aquele colar que não passava de uma bijuteria que sua avó havia dado-lhe, de valor sentimental, mas que foi confundido com jóia.

Bem-vindo ao cotidiano de uma cidade grande. É um risco sem tamanho que não se pense em se proteger contra o que o cerca por aqui. Faz parte desse dia-a-dia doido que se considere a violência antes de qualquer coisa. Menos é mais, antítese urbana: quanto menos você carregar consigo por essas ruas turbulentas, mais você terá depois.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Garotas más também choram


A garota malvada às vezes sai durante semana, mas passa muitos dias sentadas em sua cama, pensando na vida. Ela não tem blog, diz o que quer na cara de quem for. Pode ter um namorado lindo que, eventualmente, vem a traí-la ou magoá-la ou apenas gosta de um cara por aí que não é mil maravilhas o tempo inteiro também.

A garota não é malvada e eu não sou boazinha: somos diferentes. Nem sempre nossas vidas são flores; as apreensões, ansiedades e expectativas são sempre as mesmas. É só que ela nunca publica nada disso.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

O limite da realidade


O limite de um sonho é inexistente: o problema é o que limita a sua concretização.
Sonhar é uma atividade independente de qualquer fator externo; a mente pode viajar por galáxias mil e o coração desejar o infinito. Delusionar é bom, é libertador, é o que deixa a vida algo suportável em meio a tantas duras verdades.
E é exatamente esse o problema: a realidade, o fator limitante desses devaneios. Ela vem e traz chão ao que pertence às estrelas, ela lhe diz que a namorada do garoto dos seus sonhos não vai a lugar algum. Os fatos são a barreira externa daquilo que é sem fim dentro de cada um.
Todos podemos sonhar com qualquer coisa olhando para um céu de lua cheia, mas o dia vem logo depois nos lembrando de que tudo não passa de pensamentos.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Fugindo da vida


Pegar umas duas trocas de roupa e enfiar numa mochila, além de um MP3 player e uma escova de dentes, e sair, simplesmente sair e deixar tudo para trás. Ir a algum lugar em que ninguém saiba dos seus erros ou seus atos passados; uma nova cidade para uma nova vida, longe dos problemas que causaram essa fuga.

Bela utopia, e se ao menos funcionasse! Logo mais, todos aqueles problemas surgirão novamente, apenas sob nomes diferentes.

Mudar de escola, de cidade e de amigos tampouco adianta; mais cedo ou mais tarde o que tinha sabor de liberdade e novo passa a ser apenas um outro costume.

E é aí que se aprende que frente a cada nova adversidade, o melhor a fazer é enfrentá-la. Não há como fugir da vida. Esses contratempos estão em todo lugar.

Mas, claro, não custa nada sonhar que tudo pode ser resolvido assim...

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Romantismo enrustido


A garota que não for romântica que atire a primeira pedra!
Ainda estou pra conhecer alguém do sexo frágil que não se fragilize com os encantos da paixão, por mais que tente esconder.
Eu conheço bem a história: durona por fora, sonhos mil por dentro. É aquele velho clichê do "eu não preciso de ninguém", quando tudo que se mais quer é precisar de alguém; é querer sempre estar no controle, mas morrer por alguém que controle tudo.
Paradoxal como só um romance pode se mostrar. Ou como só nós, garotas, conseguimos ser.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Era uma vez Joana


Joana estava na flor da idade e tinha lábios pelos quais tantos tinham passado a suspirar. Seus olhos possuíam uma vivacidade que facilmente entregavam sua sagacidade. O calor de seu corpo emanava discretamente, mas mãos alheias ardiam por um reles toque, sem que sua ingenuidade permitisse saber.

Era bela, porém não segura. Apesar de vez ou outra impetulante, defendendo seus ideais com afinco admirável em possíveis discussões, além de transmitir ares de consciência de sua formosura, em seu íntimo, nutria cada vez mais um sentimento de inferioridade, de alguém cujos olhos nunca viriam a ser fitados com ternura, pois nada de interessante haveria de encontrar-se lá.

Cada anoitecer em que se achava sozinha só tornava-se mais uma confirmação de que estava fadada a permanecer nesse estado. Perdida em seus pensamentos delusionais, empreendia seu tempo a devanear em meio a seus livros de romances fictícios, que pareciam deveras mais interessantes e reais do que sua vida poderia vir a ser algum dia.

Joana havia perdido a fé e o senso de realidade, que todos devem ter, por causa de alguns dias mais nublados. Mais cedo ou mais tarde, o bem calharia à sua porta, porque é assim que tem de ser. Joana esquecera-se de que a arte imita a vida; os finais felizes existem. Dias melhores estão sempre por vir.

Joana era ela, Joana era eu, Joana eras tu. Oh, infelizes tempestades em que nos encontramos, as quais fazem-nos perder as esperanças.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Desajustada com o mundo


O vento batendo no rosto, o sol irradiando beleza no céu azul... Tudo para constratar com o cabelo que não se ajeita, as roupas folgadas que parecem apertadas quando você está se sentindo tão acima do peso, e os olhos ardendo febrilmente.
E como Murphy sustenta uma infalível teoria, bem nesse dia que era melhor não ter levantado (especialmente quando suas olheiras profundas estão destacadas ao extremo, em meio ao seu cansaço), aparece aquele cara que você está profundamente apaixonada...

(Sério, quais são as chances? Por que ele não me foi aparecer naquele dia que eu estava linda de morrer? Oh céus...)

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Interiormente

Este sentimento de incomplitude
Que contraria a minha razão:
É como estar beirando um açude
E vir a perecer de sequidão,
É estar em profunda solitude
Permeando uma vasta multidão,
Algo que um reles poetizar
Não passa de um novo enganar.

Se cambiasse teria virtude,
Mas encarcera alma e coração;
Até tentei expurgá-la como pude
Mas a esta ânsia não dou vazão.
E como brilho de vil amplitude,
Ressemblo iludida luz em vão:
Tais versos soarão sem o cantar
Pois não se faz a voz alta ecoar.