quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Loucura de amor

Era setembro e eu passava as horas a olhar o tempo mudando. Assistia ventos, gotas e luzes. E a minha vida, sempre a mesma. Mas aquela primavera trazia mais que mudanças metereológicas.

Ele havia entrado na minha vida repentinamente. Alguns minutos depois de vislumbrar sua face já era tudo que eu conseguia pensar. Aquele jeito dele de segurar o violão e depois, com aquela voz que me arrepiava, acompanhar a música... Ele havia se tornado a voz na minha cabeça da noite para o dia.

Eu perdia noites de sono encarando seu rosto em fotos, as quais estavam devidamente penduradas em minhas paredes. E antes de observá-lo sob aquele ângulo, um beijo de boa noite em cada uma das imagens, até o dia em que eu pudesse beijá-lo devidamente. Se aquilo era tudo que eu podia ter, então que fosse.

E eu sabia tudo. Seu aniversário, sua cor e comida favoritas e até seus planos e sonhos. Para ser honesta, era capaz de eu saber mais sobre ele do que ele mesmo. E, a cada pequeno detalhe mais, eu morria. A cada vídeo que eu assistia, a cada canção que ouvia, a cada lábio que ele beijava que não era meu.

Eu nutria uma obsessão por alguém que nem conhecia. Ele me matava e nem sabia que eu existia.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

O que Milena disse


― Eu estou amando ― ela disse para si mesma abruptamente, voltando a seus sentidos.

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Milena era uma garota típica de 17 anos, com sua família feita por parentes um tanto quanto doidos e com amigas que só falavam de garotos. Cabelos castanhos que combinavam com seus olhos, estatura mediana e umas gorduras que a incomodavam. Uma garota mediana, exceto por uma coisa: ela nunca tinha amado.

Obviamente que amava seus pais, seus amigos e seu cachorro de estimação, mas a questão é que nunca havia se apaixonado de verdade. Não é como se nunca tivesse saído com garotos ou até mesmo namorado; já tinha passado um bocado de dias segurando mãos alheis. O problema era que não tardava muito a buscar um novo par de mãos.

Mas aquela terça-feira amena era um marco. A rotina era quebrada. Encarava sua xícara de leite intocada enquanto divagava lembrando-se das vezes em que fingira beijar aqueles lábios que almejava e então sentia falta daquela voz grave tão única dele. Imaginava como seria segurar aquelas mãos para sempre e poder se perder naqueles olhos azuis.

― Eu estou amando ― ela disse para si mesma abruptamente, voltando a seus sentidos.

A rotina da indiferença era quebrada. Ela, pela primeira vez, realmente estava amando um garoto, o único garoto para ela, a seu ver. Ela mesma mal podia crer em como ele a tinha salvado de seu próprio ceticismo. E ela seria, enfim, uma garota normal.

Seria, então, não fosse um detalhe. Era como se ela estivesse fadada a se destacar da maioria. Porque era uma minúcia que mudava tudo, tornava a história tão mais inacreditável quanto mais incomum. Milena estava amando alguém que só vira através de uma tela e ouvira através de auto-falantes.

domingo, 13 de julho de 2008

Educação sexual


Sexo. Só o fato de falar essa palavra pode ser um tabu em si. Mas por quê?!

É algo natural que todos fazem mais cedo ou mais tarde, independente de haver acesso a camisinhas ou não. Ou seja, nossas escolas têm, sim, que disponibilizar preservativos, mas não só isso como deve haver também um diálogo, instruções para que quando chege a hora, realmente não haja um risco de DSTs ou uma gravidez indesejada.

Cada um tem a sua hora. O conhecimento e os meios para o sexo seguro não mudam isso. Máquinas de camisinha não vão interferir nessa decisão pessoal - elas só vão garantir que essa decisão não vire o pior pesadelo do jovem.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Limite


Eu comecei a beber quando tinha 13 anos e, desde então, sempre fui conhecida como aquela garota que está sempre com um copo, uma taça ou uma lata de alguma bebida na mão. Já passei por vexames, falei coisas que me arrependi de ter dito depois e já não lembrei o que aconteceu na noite anterior. O álcool já era parte de mim.

Mas a situação saiu dos eixos - dez da manhã parecia tarde para abrir uma garrafa. A rotina era sempre a mesma, também - começaca com um gole e terminava no banheiro ou praticamente desmaiada em qualquer canto. E no único dia em que nada disso poderia acontecer, eu não consegui evitar o contato do copo com os meus lábios e cheguei ao ponto de literalmente nem saber o meu nome.

Era sério; até eu já começava a perceber o meu problema. E tudo ia para outro nível se levado em consideração o histórico de alcoolismo na família. Minha mãe estava determinada a me mandar para uma clínica de reabilitação, mas ela cedeu depois de eu implorar para que não fosse, prometendo não beber mais.

Não vou dizer que nunca mais tomei uma gota sequer, isso seria mentira, mas posso afirmar que nunca mais cheguei àquele estado. E não é por isso que nunca mais me diverti. Tenho experiência suficiente para dizer que o problema não está na bebida, mas em como se bebe. Não digo que não se deve beber, só deve haver uma certa moderação, como tudo na vida. Porque, de verdade, aquela linha tênue, uma vez cruzada, da maior diversão que você tem, pode virar seu pior problema.

domingo, 6 de julho de 2008

"Love is watching someone die"


I'll always remember today as the day when my grandfather died.
It must have been about 3am when the phone rang with the news. It was before 6am when my father left for his funeral, 600km away, leaving wife and daughters behind. There was no need for everyone to go. And the only reason he went through all that trouble was because it was what you could call an obligation.

The saddest thing about this event was not death itself, but how he was not mourned. Not by his grandchildren, not by his son. When he needed them, there was no one around because that's what he brought upon himself.

Everybody dies. What can actually be different is if you are going to have someone by your side just before you do, someone who hopes you make it, someone who holds your hand. The meaning of life is not life itself, but it's something we find in death.

sábado, 28 de junho de 2008

Sobre os cafas


Não há como negar - é dos cafajestes que elas gostam mais. E não é que não sonhamos com aquele cara doce que manda flores e abre a porta para você. A questão é que sonhamos que o cafajeste se torne, por nossa causa, esse homem perfeito.

Porque não importa o que digam. Aquele frio na barriga por causa da dúvida do "será que ele me ama mesmo?" é impagável e totalmente necessário. Noites sem dormir, pensando nele e se ele está pensando em você é que tornam a paixão algo tão gostoso de sentir. Afinal, o que seria desse sentimento se não fosse esse mar de incertezas?

Para resumir, precisamos daquela loucura e sofrimento que só o cafajeste consegue trazer para as nossas vidas. A verdade é que, no mundo real, o príncipe encantado só é bom quando tem aquele toque de lobo mau.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Certificado de efemeridade


Sinceramente, tatuar seja o nome o ou rosto da pessoa que se ama não passa de uma loucura de amor, e no pior dos sentidos.

Quando se faz essa tatuagem, não dá para dizer se vai ser eterno - a resposta só vem no fim de seus dias. Mesmo que pareça verdadeiro, mesmo que pareça que vá durar para sempre, de fato, não tem como saber. É apenas mera estupidez, futuro arrependimento.

Esse ato não reforça sentimentos, não reforça qualquer coisa. Se esse suposto amor existir, ele permanecerá lá independente disso. E se tudo não está indo tão bem, outro motivo para não fazer isso.

Enfim, quando você tiver seus 60 anos, casada, com filhos e netos, não vai querer ter o nome de outra pessoa gravada em você. Tatuar-se é algo sério demais para que seja feito no ímpeto de uma paixão passageira, porque ela vai embora, a pessoa vai embora e tudo mais é deixado para trás - menos a tatuagem.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

No one to watch

Alcohol to celebrate
This completely great date
While I sit and contemplate
My tragic and morbid fate.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Ambigüidade


Então ocorreu a Gregório que talvez as coisas eram necessariamente o que aparentavam. Ele sabia, ele sabia o que ele tinha visto e pronto. E nada de planos, só havia espaço em sua vida para uma única reta. Mas ainda havia a dúvida, uma secção interna que o matava. Eram duas vozes que duelavam como bestas atrozes, dilacerando a garganta uma da outra, famintas por vermelho.

Ele andava incessantemente de um lado para o outro daquela pequena sala, como se seus passos fossem resolver o turbilhão interior de sua atormentada alma. Ele não sabia em que acreditar, e tomar um vento na sacada naquela tarde ensolarada não era a resposta. Mesmo.

Sentou-se e olhou para o infinito. Nada. Voltou aos seus sentidos, endireitou-se e, com um suspiro pesado, viu-se resoluto. Depois de horas a pensar, enfim tinha a resposta àquela dualidade que o consumia. Melhor ausentar a lâmina e sua respectiva imundícia. Nada mais romântido do que literalmente fazê-la perder o ar.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Dia dos Solteiros


Me chame de amarga ou recalcada, pouco importa - continuo desgostando o famoso "dia dos namorados". Sinceramente, quer motivo mais descarado para que comerciantes lucrem a partir de casais cegos de paixão? Além disso, é inegável que é motivo de certa tristeza praqueles que ainda estão sozinhos.

Abaixo tudo isso! Tem de haver a criação de uma nova data, uma que realmente faria uma diferença nessa sociedade - o dia dos solteiros. Isso é que faria uma diferença e seria realmente divertido, sem contar que não

Imagine só! Festas, baladas promovidas em função dessa parcela desfavorecida no tal dia. Tudo para que você possa se divertir e, talvez, achar sua metade da laranja. Quer comemoração mais proveitável?

Enfim, não gosto mesmo do atual 12 de junho, mas venho aqui propor essa idéia. Então, solteiros de plantão, avante à difusão dessa nossa data!