segunda-feira, 21 de maio de 2007

Tempus et Momentum


Dizem que temos todo o tempo do mundo, que temos tempo para sonhar, desejar, viver e morrer à vontade. Já outros dizem que não temos tempo para nada, tudo passa num piscar de olhos. Para amenizar a confusão, Einstein declara que o tempo é relativo.
Como a boa atemporal complexidade que é, essa questão segue por dimensões afora, sendo igualmente subjetiva.

Para também nem começar o debate sobre o momento. Sobre como ele é tudo na vida de todos nós; cada mínimo detalhe do aspecto mais insignificante que possa ser de nosso cotidiano, ele faz toda a diferença. O momento tem vida própria, e rege tudo que vivenciamos. E quão imutável é, tal perplexidade acarreta àqueles que vislumbram o presente e o possível futuro.

Há um mês e meio, tudo teria sido diferente.
É o tempo, é o momento. São essas coisas que às vezes esquecemos, mas que são tão onipresentes, que mudaram tudo.
Não era pra ser, e eles arranjaram uma maneira de colocar o curso desse leito como deveria ser. Só eu que não reconhecia isso, quanto mais entendia o porquê.
Mudaram meus desejos, minhas ansiedades, meu destino.

Congruo tempore et congruo loco.
Tempus est optimus judex rerum omnium.
Tempus regit actum.

terça-feira, 8 de maio de 2007

Só Mais Uma (Memória, Garota, Paixão)


Aquela garota sentava na sua cama e abria sua mente, como se fosse um livro. Ela se lembrava bem (e como!) quando tinha falado pela primeira vez com o garoto dos seus sonhos, quando perdeu a fala após ele beijar sua face; tudo parecia ontem. Ela tinha o semblante dele vívido ali, na sua frente, como se tudo se materializasse com a simples força do pensamento. Ali, revivendo suas experiências, como se numa tentativa desesperada de encontrar uma perspectiva para o futuro, ela analisava cada mínimo detalhe de toda aquela história que a atormentava havia muito.

Não, não. Essa garota sou eu. Apenas uma idealizadora com sonhos frustrados, sem qualquer esperança de algum dia ser mais que um nome para ele. E todas essas horas gastas pensando nele incessantemente não passam de inutilidade, futilidade, ele não virá. A minha desistência agora seria um atestado de coragem - amá-lo é tortura. Mas eu sou apenas uma garota, sentada, livro aberto, memórias, ele. Dar as costas a um ano e oito meses não é tão simples assim.

E aqui jaz minha mais profunda e sincera declaração. Nua e exposta, eu só espero que um dia ele perceba que eu sempre estive aqui. Dessa vez pouco me importa qualquer resquício de orgulho e sequer tentar dizer não: eu perdi tudo isso quando eu me dei conta de que ele não vai me abandonar tão cedo. Abandonar minha mente, abandonar meu coração.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Decisão da escolha


Estava eu confabulando comigo mesma, perdida em pensamentos, pois estava numa encruzilhada novamente: é incrível como toda e qualquer dúvida consegue acabar comigo; eu fico maluca se tenho que escolher. Eu sempre prefiro que os outros escolham por mim, seja pela minha incapacidade de decisão, seja porque eu tenho um certo receio de não agradar a vontade alheia. É, eu não gosto de escolher.

Mas aí parei pra pensar: imagine um mundo em que você não pode escolher o que gosta de comer ou não, não pode optar por um cabelo liso ou cacheado, quanto mais a cor dele. Um mundo em que a opção é não ter opção e tudo é imposto a você. Basicamente, seria a volta da ditadura, aqueles tempos tão repressivos dos quais só os mais ignorantes sentem uma certa saudade. Não, não, não convém desejar por isso.

E foi aí que então um pensamento ainda pior me ocorreu. E se nem houvesse uma segunda possibilidade? E se todo carro fosse branco, se todo celular fosse cinza e tivéssemos que circular pelas ruas todos usando um uniforme? A padronização é ainda pior do que a repressão: não tem nem com o que sonhar, não ter uma aspiração, ou qualquer perspectiva. Um mundo de iguais (e ser igual a todos não é tão bom como muitos pensam).

Conclusão? Acho que é indiscutível que por mais que seja torturante, muitas vezes, fazer uma seleção, isso acaba sendo melhor do que você não ter qualquer escolha. É o arco-íris que deixa nossas vidas tão coloridas, são as possibilidades que nos permitem sonhar. É só quando você tem alguma perspectiva de mudança que você pode planejar, pensar no passado e melhorar o futuro. O dom da escolha é o melhor presente que poderíamos ganhar, mas cabe a nós mesmos reconhecer essa dádiva de liberdade, apreciá-la e fazer bom uso dela em cada mínima escolha.

terça-feira, 17 de abril de 2007

"Hm...chiclete! Yum, yum!
Uva, tutti-frutti, uva, morango, uva, morango, uva, morango, uva. Delícia! Quero mais. Cadê? Yum, yum!"




É, não adianta quantos chicletes eu tire do pacote. Esse vazio aqui dentro ainda vai continuar existindo e me consumindo, nem que eu tente diferi-lo. O máximo que pode acontecer é eu desenvolver um processo de gastrite.

Deixar de lado qualquer coisa que me distraia não vai me impedir de mais cedo ou mais tarde encarar a vida. A questão é só que eu estou perdendo tempo demais, depois só vai ser pior. Não tem alguém em quem pensar não é estar feliz com a vida. Acordar e dormir, não é viver. Não é qualquer vício que me tira da rotina e traz um sorriso à tona.


Vazio, adiamento. Oco, protelação. Vácuo, procrastinação.
Eles só vão embora quando eu resolver viver minha vida de verdade.

sexta-feira, 23 de março de 2007

Vegetariano: Não Ser!


Chuchu, berinjela, couve-flor, agrião, beterraba, abobrinha, jiló, rabanete, que seja! Você dê o nome: não é uma delícia! Pode ser saudável, pode ser bem preparado, mas não é alguma coisa que você fica com uma vontade imensa.

Eu acredito que, falem o que for, o homem pode sim ser carnívoro por puro instinto. E por que não? Pode não ser bonito de se ver, mas é a mesma coisa de um leão matando um pobrezinho antílope. É como a natureza segue seu curso. E, além do mais, nós nem conseguimos digerir celulose, por exemplo, o que reforça a idéia de um Homo sapiens nascido pra comer carne.

Ser vegetariano pode ser mais saudável, pode ser muito mais cool, e muitas outras coisas boas, mas eu não troco um churrasco por brócolis nenhum! Talvez só por uma porção de batata frita...com um belo dum hambúrguer!

segunda-feira, 19 de março de 2007

Horoscopando


Sabe aquelas coisas que você não realmente acredita, mas procura sempre saber, de qualquer forma? Runas, cartas, videntes, mas acho que, mais comumente, aquela olhadela no seu horóscopo. Logicamente, existe aquelas pessoas que acreditam cegamente naquilo, mas eu estou falando desses pseudo-céticos igual a mim.

Eu digo não acreditar em nada disso, mas sempre que tenho uma revista em mãos, vou até aquela sessão e leio o que está escrito embaixo do nome do meu signo, analisando e relacionando o texto com o que eu estou vivendo no momento. Se é um aviso contra possíveis brigas com amigos e familiares, eu faço de tudo ara anular essa propensão, sempre lembrando do que eu li. Se fala que eu estou numa fase boa e com alto poder de atração, eu já trato de ir falar com aquela pessoa, sobre justamente o assunto que me vinha faltando coragem.

Tudo isso me faz alguém que acredita nessa coisa toda? Isso me faz uma das pessoas citadas no começo, que acreditam cegamente em suas previsões astrológicas? Eu me pergunto isso sempre que me dou conta da situação, pensando se por acaso eu não estou me enganando quando eu penso que na verdade é só mais uma coluna,

Seja como for, a resposta que dou àqueles que me indagam sobre minha fé nisso, quando me pegam em flagrante, é de fato coerente, bem como verdadeira: independente de ser verdade ou não, o que está ali são bons conselhos, que realmente podem fazer uma diferença no seu dia, pro melhor. Como pode ser ruim eu tentar evitar atritos com aqueles que eu amo? Como é prejudicial eu viver hoje, pelo menos, acreditando mais em mim mesma, com uma auto-estima maior que zero, para variar?

Verdade ou mentira, essas linhas surtem um efeito positivo, o que é bem maior que um simples dilema entre acreditar ou não. Se todos os dias, pelo menos uma pessoa fosse influenciada para o bem assim, por que se importar se tudo escrito ali é 100% preciso? O horóscopo acaba sendo mais do que supostas previsões do futuro, mas uma divulgação que é, acima de tudo, uma boa fonte de conselhos para seguir um dia que lhe reserva um turbilhão de complicações e dificuldades, além dos seus outros tantos desafios internos. Como negar que nós precisamos disso?

quinta-feira, 15 de março de 2007

Só Mais Uma (Tarde, Memória, Garota, Paixão)


Aquela garota sentava na sua cama e abria sua mente, como se fosse um livro. Ela se lembrava bem (e como!) quando tinha falado pela primeira vez com o garoto dos seus sonhos, parecia ontem. Ela tinha o semblante dele vívido ali, na sua frente, como se tudo se materializasse com a simples força do pensamento. Ali, revivendo suas experiências, como se numa tentativa desesperada de encontrar uma perspectiva para o futuro, ela analisava cada mínimo detalhe de toda aquela história que a atormentava havia muito.

Céu nublado, gotas de chuva no vidro, era um dia que só a deixava mais sensível, mas antes isso do que aquele tempo que todos amavam, o dia lindo, ensolarado: essa luz toda que emanava de uma fonte bem maior que ela só era um constante lembrete daquele sorriso incomparável dele. Não importava se tudo estava um perfeito inferno antes, apenas um olhar de relance, sem importância, já fazia seu mundo todo parecer melhor. Aquele sorriso, então...! Era seu pedacinho do céu na terra, era seu refúgio, era sua maior paixão há tempo demais.

Lá sentada, ela lembrava como ele tirava tantos suspiros dela que isso virou até motivo de piada. Perder a fala, a linha de pensamento e achar que seu coração tinha parado, porque batia tão rápido era rotina. Chorar mais que com todos os outros ao dizer adeus a vê-lo todos os dias foi algo totalmente esperado. Lá, sentada, sua mente, um livro aberto, ela se deu conta de que apenas uma noite não faria jus a tudo que ela sentia por ele e nunca viria a fazer, mas era o máximo que ela conseguiria, porque tentar ser perfeita nunca foi o bastante e parecia que nunca seria. Não importava o que os outros falavam, ele tão lindo e perfeito, distante e inalcançável, como a lua.

Não, não. Essa garota sou eu. Apenas uma sonhadora com idéias e sonhos frustrados, sem qualquer esperança de algum dia ser mais que um nome para ele. E todas essas horas gastas, pensando nele incessantemente, não passam de inutilidade, futilidade, ele não virá. Agora estava mais para ser um atestado de coragem, a minha desistência. Mas eu sou apenas uma garota, sentada, gotas de chuva, livro aberto, memórias, ele. Simplesmente dar às costas a um ano e meio não é tão simples assim.

E as palavras foram ditas, a sorte foi lançada. O que eu não pensei que fosse amor, está publicado. Se você quiser, é só abrir os olhos e me ter. Dessa vez pouco me importa qualquer resquício de orgulho: eu perdi tudo isso quando eu me dei conta de que você não vai me abandonar tão cedo. Abandonar minha mente, abandonar meu coração.

quinta-feira, 8 de março de 2007

(Falta de) Convicção


Eu fui criada por uma mãe extremamente religiosa e evangélica, que me levava à igreja desde que eu nasci. Todo santo domingo, a mesma história: acordava cedinho, ia à igreja, voltava, almoçava e esperava um pouco, e igreja de novo.

Acontece que eu fui crescendo e fui pensando por mim mesma, passando a acreditar que toda essa história de igreja não passa de uma hipocrisia: só existe fofoca e todo mundo fala mal de todo mundo no meio, um tentando ser mais “crente” que o outro. E a religião pura mal tem mais espaço pra ser totalmente praticada na atualidade, o que leva essas pessoas a não matarem ou adulterarem (bom, algumas), mas elas ainda assim tornam a falar o nome de Deus em vão e cobiçarem outras pessoas, por exemplo.

Religião é um tema subjetivo, mas acima de tudo, se for pra você ser alguma coisa, que seja com convicção! De que adianta seguir alguns mandamentos e outros não? Acredito que a fé hoje em dia se resume, na maioria dos casos, rezar ou orar algumas vezes e esperar que em troca Deus o leve pro céu. Ironicamente, há templos lotados e são raros aqueles que não estão lá pela indulgência. Hoje não se compram pedaços da cruz, mas simplesmente vão à igreja.

segunda-feira, 5 de março de 2007

Devanear


Eu sento na minha cadeira branca e simplesmente derramo suco laranja no meu copo. Eu penso sobre nada, o nada que são meus dias, às vezes, e simplesmente me jogo em minha própria mente. Ponderando e analisando, eu idealizo um dia, eu fantasio uma vida. Tudo será perfeito.

Ao cometer ato de tanto erro e egoísmo, ignorando até um rei ao meu redor, eu mal posso imaginar a sucessão de fatos que ocorreriam naquele dia: eu faria sonhos desabar e uma lenda ser construída, eu traria o mal e por isso me sentiria pior ainda, eu desejaria quem menos fosse possível (no sentido de que certas coisas não foram feitas pra ser) e, por fim, pereceria em meu próprio sonho, talvez como um carma ruim, simples castigo, por tentar brincar de Deus.

Ninguém prevê o futuro, e eu sou Ninguém. Permeando este mundo, você acaba aprendendo que nada sai como você planeja, mas tudo segue o curso que deveria, e é aí que a graça toda se encontra.
Bem, não que gastar meus dias pensando em como tudo poderia ser fosse algo bom, mas quando tudo se desvia do trajeto que você
tinha imaginado, só aí você pode reconhecer que está vivo. É no pensamento errado que você acaba encontrando o que é certo
sentir.

sexta-feira, 2 de março de 2007

Vida de Camiseta


Eu nasci, com mais umas 150 irmãs gêmeas e fui enviada para uma nova casa logo depois. Órfã, já não tinha tantas irmãs ou conhecidos ao meu lado, e ainda por cima fiquei sem conhecer pais novos em potencial por algum tempo.

Um dia, porém, uma moça, a Donna, resolveu me conhecer, quando já estava praticamente sozinha. Foi amor à primeira vista! Quando me dei conta, já tinha virado colega das outras peças que ela guardava nas minhas redondezas. Bem, não era amiga daquelas ciumentas – elas sempre se queixavam porque Donna e eu tínhamos nos tornado melhores amigas.

Quase todos os dias estávamos juntas, sempre comentavam como eu ficava bem nela. Uma vez, ela até se esfregou no dono de uma camiseta bem bonitinha e, ah!, como era cheirosa! Saíamos sempre, ríamos sempre, e chorávamos às vezes, mas uma com a outra.

Foram tantos bons momentos pelos quais passamos juntas que é difícil de acreditar que agora eu estou jogada num saco preto, amarrotada. Eu ouvi dizer que vou ter outra pessoa ao meu lado, sem muita delonga. Tenho certeza que será alguém muito especial também, mas é horrível pensar que nunca mais estarei perto da Donna; não estarei mais junto dela nessa jornada. Mas acho que é a vida. Ela passou da minha fase, e o ciclo continua.