quarta-feira, 28 de maio de 2008

Saudosismo


Se pudesse escolher alguém para renascer, teria de ser Audrey Hepburn, com todo seu charme e coração só menos doce que as histórias a que deu vida.
Simplesmente porque ela não só interpretava com talento inigualável verdadeiros contos de fadas, mas o mundo precisa também do seu olhar cativante e seu ar encantador que buscavam fazer o bem sob qualquer circunstância.
Faz falta ver o viver como algo mágico. Como faz!

domingo, 18 de maio de 2008

Cotapeação


Tenho de admitir que sou totalmente contra o tal sistema de cotas para negros nas universidades. Ao meu ver, não passa de uma paliativo por parte do governo para evitar ter de mexer na estrutura deficiente da nossa educação, concedendo privilégios a pessoas que manifestam um certo fenótipo.

Não há diferença entre uma pessoa branca ou índia que também não teve acesso a um bom ensino, mas elas absurdamente não terão a tal prerrogativa por causa da cor da pele. Além disso, alunos que entram por esse sistema dificilmente conseguem acompanhar outros estudantes que entram na universidade por mérito próprio, já que tiveram de estudar muito mais para estar lá.

Enfim, outra piada do nosso governo para não gastar em verdadeiras melhorias na educação o mesmo dinheiro que eles embolsam. Precisamos é de alunos que saem do ensino médio de uma escola pública e consigam por si mesmos competir com alunos de escolas privadas, independente da cor.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Até que a vida os separe


Por algum motivo, nunca fui igual à maioria das garotas. Nunca sonhei em casar, de véu, grinalda e aquele vestidão branco. E aí diziam que eu cresceria e pensaria, então, em me casar e ter filhos, porque é um sentimento inato, mesmo que demore a aparecer. Bem, já se passaram 18 anos e, se qualquer coisa, esse sentimento parece cada vez mais difícil de aparecer.

Não vou ser hipócrita - é claro que eu sonho em encontrar aquele meu grande amor! Porém isso nunca se transcreveu num desejo de ver rostos se virando enquanto eu entro numa igreja. A tal sonhada de história de amor de forma alguma parece mais bonita quando envolve casamento, pelo contrário, parece algo mais racionalizado e que aquela paixão foi perdida.

Quem sabe um dia eu seja convencida do contrário, mas até o presente momento, posso afirmar com convicção que tudo isso não passa de uma instituição da qual não preciso para ser feliz.

domingo, 11 de maio de 2008

407


She was crying as she got on her 4-o'clock bus. But no, those weren't tears of a sad girl -- if anything, she was full of indifference. That salty water was simply a physiological reaction in order to keep her eyes wet, as the cold wind out there always seemed to make them too dry. Tears were a way for chemical balance, a rational occurrence that left no room for other forms of interpretation.

After a quick scan around the bus and noticing that, apart from strange guy in the back, she was alone, she sat on her regular spot and looked out the window. She turned her MP3 player on and put it on shuffle -- whatever fate brought to her was fine.

It was such a beautiful cloudy day, yet there she was. The first song that came up matched her emptiness perfectly. The meaningless beats and meaningful words. She listened carefully to a couple of lines until it all became just a melody in the background of her mind.

She looked at the couples holding hands on the sidewalk and all the smiles and all the signs of love. She looked at the groups of friends that chatted and laughed as though life was something to only be cheerful about. And she couldn't understand it. Because everyone left. At some point, no matter what, people just left, and then life was just about disarrays when they were gone. They left and took with them everything, leaving behind something emptier than vacuum.

She missed being one of those people she was watching. She had a spare seat next to her that would never be taken.

And there they were, those familiar tears. They ran down her cheeks towards her shirt like a river flowing to the ocean. Only that this time they were a reaction that proved she had it all wrong. It wasn't nothing - it was loneliness.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Araguaia


Ele encarou a tela do seu computador novamente. Aquelas fotos traziam dias tão distantes para tão perto. E enquanto os slides passavam, ele desejava que tudo tivesse acontecido diferentemente.

Fazia 12 anos, mas aquelas fotos dela provavam que ela continuava a ter o sorriso mais belo de todos. O tempo não havia apagado sua mágica. Ele olhava a sua velha paixão e se perguntava se ela se lembrava dele, se alguma vez procurou saber dele, se ainda tinha qualquer carinho por ele, como ele percebia que ainda tinha por ela.

O que ele mais queria saber era o que teria acontecido se ele tivesse mudado junto dela. Será que teriam evoluído aquela paixão com o tempo? Será que seriam agora pelo menos amigos? Será que ela teria reconhecido ele, ontem, quando se cruzaram? Será?

Ela tinha mudado. Mas ele também. Só que estavam em pólos antagônicos, separados pela distância, pelo tempo, pelo destino - o mesmo perverso destino que os tornara perfeitos estranhos. A vida, isso é. Cava trincheiras impossíveis de ser preenchidas novamente e sem possibilidade de pontes, mas que são cercadas de dúvidas.

Era patético, mas era assim que ele se sentia ao olhá-la de novo. Era ele sendo criança novamente, era ele vislumbrando algo sem nexo. Mas aquelas fotos eram tudo que ele sabia dela agora e não era pra ser assim. Não mesmo. Ele sentia falta do que um dia já tiveram, mesmo que isso não significasse nada para o que ela era hoje. Ele sentia falta do que eles poderiam ter sido.

domingo, 4 de maio de 2008

O Bar - Parte III


Com desnecessárias cerimônias, ele desculpou-se pelo atraso e achou-se perdoado mais rapidamente do que ela intencionara. Era só que aqueles olhos lhe faziam ouvir coisas.

Sentaram-se distantes dos outros e próximos um do outro de maneira que o inesperado por ela era iminente. Rasgavam-se em sorrisos e toques e cada segundo a mais ao lado dos drinks que haviam pedido era um segundo a menos até que se desfizessem em seus próprios gargalos. Eram veemência contida.

Abriu os olhos. O sino soava e era mais um dia frio de inverno que tornaria suas narinas rubras ao passo que o ar secaria seus olhos. Tratava-se de mais outro sol com chuva interna. Não haveria desdobramento daquela cena. A realidade ecoava na forma de alarme.

O mundo imaterial nunca viria a concretizar-se, era trevas que recusavam-se ser ofuscadas. Ela estava decidida a ter idéias hoje que se tornariam algo grande amanhã. Ela deixou que fosse criada para ela a ilusão de que a utopia era a medicina da vida. E que ledo engano pensar que seria fácil sonhar...

quarta-feira, 30 de abril de 2008

O Bar - Parte II


Não, não era. E outra vez o que chamava de visão ocorreu-lhe mais como algo traiçoeiro do que ferramenta útil. Lentamente retomou seus sentidos e mais que depressa ordenou que lhe servissem outra bebida. A noite seria longa demais e outro episódio curto de sua batalha de querer e precisar.

Grãos de areia unidos por um calor intenso refletiam com meia alma o que ela sabia que passava despercebido aos que lhe rodeavam. A sua fidelidade novamente era algo desleal consigo mesma. Atestar derrota era uma vitória em si, àquele ponto. Mas uma continuidade de diálogos era o que lhe restava.

O espelho, a preocupação, tudo era em vão. Esforço claramente desnecessário para um borrão. Levantou-se e dirigiu-se à porta. Era incrível como aquela saída era tudo menos um escapismo que ela tanto desejava. E, certa de inconvicções, apertou o passo, mais frouxo do que aquilo que batia dentro dela.

Com um cumprimento inesperado de outrem cuja voz ressoava como canção de longa data, exaltou-se por uma dúzia de segundos até que vislumbrou o que se passava: era ele. Ele e seus abraços, além dos mil encantos.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

O Bar - Parte I


Ela olhou-se mais uma vez naquele espelho retangular sob a luz forte que incidia a fim de melhorar a visualização. Mal podia conter aquele riso que automaticamente surgia na esquina de seus lábios. O cabelo estava longe do que gostaria que estivesse e a sombra poderia estar melhor, mas tudo bem. O sorriso tornava a aparecer. Não havia mais tempo, era hora de ir. Ah, frio na barriga! Só checou uma última vez seu semblante. Ela sabia que estava bonita, mas a vida é cheia de surpresas. Ela queria certezas.

Mais tarde, banquetas e mesas sob meia-luz. Era a penumbra de amantes. Agora ela esperava e, mais ainda, desejava tornar-se a metade permanente daquele coração. Todos os sinais eram positivos, mas, depois de três anos passando por essa agonia, era uma ansiedade negativa que tomava-lhe corpo e alma.

Olhou ao redor. Seus amigos estavam todos lá e ela só queria a presença de quem não via. O líquido amarelo percorria sua garganta como um rio corre tranqüilo pelo seu leito. A bebida caía-lhe bem em meio a essas agitações internas que, vez ou outra, tornavam a manifestar-se por fora com seus tremores e tonturas que só os tragos a seguir fariam-na melhor.

No seu murmúrio, uma velha melodia. À frente, cabelos negros e aquele semblante que sabia de cor. Encarou melhor. O coração acelerou mais que nunca.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Sobre o mal


Somos acostumados, sim, com o mal, mas não por haver pessoas que cometem atrocidades como causar a morte de uma menina de cinco anos, prisão de adolescentes em carceragens impróprias, mas porque, acima de tudo, há muitas vidas em situações ainda piores e não fazemos nada.

Mesmo depois de 120 anos de abolição da escravidão, ainda encontramos pessoas submetidas a isso. Temos os bóias-frias, por exemplo, que são claramente trabalhadores em condições desumanas e explorados.

Além disso, vemos a corrupção, os roubos que nossos governantes realizam, mas ainda assim não há alguma agitação para que se exija algo melhor que "ele rouba, mas pelo menos faz".

O que nos caracteriza como coniventes em relação ao mal é essa apatia. Selecionamos alguns casos isolados e, só porque nos importamos com esse, é como se nossa alma fosse lavada. Não é. O mal continua reinando arbitrariamente.

sábado, 5 de abril de 2008

Entre roupas


Ser chique e andar na moda são duas coisas distintas, podendo até ser antagônicas. Não é porque a pessoa está totalmente na moda que ela não pode vir a ser cafona e não é porque a pessoa não segue as últimas tendências que ela é brega.

O melhor é se vestir do jeito que quiser e se sentir bem. Existe um parâmetro, existe um conceito, mas seguir isso é escolha de cada um. Mesmo porque a roupa que usamos é uma das formas mais sinceras de nos expressar ao mundo.

Não adianta nada ser hype e não se sentir bem com isso. Usar um vestido lindo Dolce&Gabbana e existir um incômodo. O brilho é esmorecido e a moda deveria fazer justamente o contrário.
Chique é vestir uma camiseta e uma calça e não se importar com o resto do mundo.